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Foto do escritorThais Cunha

Como ter um negócio de sucesso em outro país?

Será que é muito difícil vender no Brasil?  E no mercado de língua espanhola? Te contamos como fazer uma Internacionalização de empresas para além das dificuldades



De olho na cultura


A cultura de um país pode ser entendida como os padrões de pensamento e comportamento compartilhados pelas pessoas Esses padrões influenciam as ações e os aspectos da vida cotidiana dentro daquele país e geram os chamados estereótipos, que não gosto nem um pouco.


Eles refletem uma visão muito parcial e limitada da realidade. Porém, podem servir como ponto de partida para entender o contexto social geral e nortear onde podemos nos aprofundar — de acordo com cada objetivo da marca. Vamos a um exemplo!


De acordo com a ferramenta do Hofstede Insights, o Brasil pode ser considerado um país hierárquico, desigual, burocrático, compreensivo e otimista, que tenta equilibrar valores masculinos com femininos ao mesmo tempo que tem tradição e imediatismo. Mas se analisarmos bem, não somos TÃO diferentes dos maiores países de língua espanhola. Confira no gráfico abaixo, algumas dessas diferenças e sobretudo as semelhanças entre esses países e o Brasil:




Entre as maiores diferenças, podemos observar a Espanha como um país que valoriza as individualidades, enquanto Brasil e México são países que valoram o todo, os grupos. O que é comprovado pela alta pontuação em indulgência do México, por exemplo.


Outra diferença perceptível é a Espanha ser um país que gosta de viver o momento, sem preocupação com o futuro, mas que busca resultados rápidos por meio de regras bem definidas. Argentina e Brasil, quase empatados, por outro lado, encaram mudanças sociais com suspeita. Preferem o tradicional ou o que já funciona.


Assim, na hora de entender a cultura de um país, é fundamental não apenas reunir dados de pesquisa como esse do exemplo, mas também fazer uma análise econômica, ainda que breve, e prestar atenção às tendências locais para não cair na armadilha dos estereótipos.


Afinal, o mercado é moldado tanto pelo comportamento do consumidor quanto pelo contexto socioeconômico — e as marcas precisam seguir esses interesses e adaptar a sua comunicação para se manterem relevantes e competitivas.



A tal da brasilidade e o Brasil além do hype



Isso aconteceu entre 2022 e 2023. As cores da nossa bandeira foram para além dos estádios da copa do mundo e da polarização política. Graças ao TikTok foi lançada a tendência do Brazilcore que consistia em usar boné, chinelos Havaianas e obviamente as cores da bandeira. Celebridades nacionais e internacionais aderiram à moda e o Brasil ficou no hype (em alta, na moda).


Claro que o Brasil sempre foi reconhecido por suas cores vibrantes, estampas tropicais, artesanato (dentro e fora das passarelas), mas sabemos que a moda é um reflexo social dos comportamentos da população. E o fato de o Brazilcore ter começado nas periferias e ter conquistado o mundo fez nosso país ganhar muita popularidade, além de levantar discussões estruturais importantes, como o fato de o Brasil ser mais valorizado por estrangeiros, a questão da corrupção e o senso de pertencimento (só para citar alguns).


Mas o Brasil não é só isso. Com uma população de mais de 213 milhões de pessoas e um PIB de 2,7 trilhões de reais, no 1⁠º trimestre de 2024, nosso país é o maior mercado no comércio latino-americano. Além disso, é o único país nas Américas a falar português, língua falada em 9 países ao redor do mundo.


Como um país colonizado e habitado por pessoas de diferentes nações ao longo do tempo e sendo a 5ª nação com a maior extensão territorial do mundo, costumamos dizer que existem muitos “Brasis dentro do Brasil”. A nossa diversidade cultural é única e complexa, no entanto, não é impossível de entender.


Aliás, o termo “brasilidade” é bastante usado para definir a personalidade do brasileiro que está bem ilustrada no gráfico abaixo:



E essa personalidade não é fruto do acaso. É formada por uma combinação de fatores culturais, históricos, geográficos, econômicos e sociais.



O mercado hispânico

No mundo temos 22 países e mais de 534 milhões de pessoas que usam o espanhol para se comunicar. Aliás, a língua espanhola é a segunda mais usada no mundo, atrás apenas do Mandarim.


Como podemos perceber, o mercado é gigante, mas cada um desses países possuem seus diferenciais que não podem ser ignorados, embora muitas vezes se trate dos famosos estereótipos, que revelam uma visão generalizada e muitas vezes preconceituosa, de toda a diversidade e complexidade cultural.


A Espanha, por exemplo, é como o Brasil. Existem várias culturas dentro da Espanha (muitas culturas unificadas) e cada um tem uma fama (ou estereótipo) diferente, por exemplo,  o catalão tem fama de "tacaño" (pão-duro), o vasco de "bruto", o andaluz de "vago" (preguiçoso), e o madrilenho "de chulo" (tipo arrogante). Algumas regiões também são conhecidas por suas bebidas e comidas, como a região de Astúrias conhecida pela sidra, a região de La Rioja pelos seus vinhos, as ilhas Baleares pelos famosos iates, e o país Vasco por suas tabernas, etc.


No caso de países latino-americanos, o estereótipo mais comum é associar o México aos Mariachis, caracterizados pelos chapéus de abas largas, e às mulheres com flores na cabeça. Na Argentina, há a ideia de que todos dançam tango, não há vegetarianos e que são arrogantes. Quanto à Colômbia persiste a associação com o tráfico de cocaína, influenciada pela figura de Pablo Escobar. Por outro lado, há um estereótipo mais recente que retrata o país como sinônimo do reggaeton e da hospitalidade.



Cuidado com estereótipos

Reiterando, por isso temos que ter muito cuidado com estereótipos. Entendo que eles existem devido a vários motivos como herança histórica, experiência limitada com a cultura, necessidade de definir uma identidade de um grupo e gerar pertencimento, entre outros, mas não podemos adotá-los nunca como verdade. Esse tipo de interpretação generalizada é feita de forma simplista, sem considerar a cultura e o contexto social, e cheia de preconceitos associados às raças, etnias e juízos de valor.


As marcas precisam ir além dos rótulos e contra a estereotipificação das pessoas, mercados e até de geracionais.


Não existe certo ou errado. Mas na hora da internacionalização da sua empresa é preciso ficar atento e ter esse cuidado para não sustentar estereótipos que alimentam preconceitos de impacto social nocivo como:



  •  Etnocentrismo: visão de mundo própria que se acha superior a outras culturas

  • Xenofobia: preconceito e intolerância a pessoas e grupos que definem uma cultura estrangeira


Para evitar cair nessas armadilhas, é importante pesquisar e estar aberto para compreender o diferente, absorver o que faz sentido para você, sua marca e a sua realidade e, então, se adaptar.


Entender a complexidade cultural e social de cada país deixou de ser uma opção e se tornou um ponto de partida obrigatório para as marcas que querem se tornar competitivas e causar um impacto positivo no coletivo.



Acreditamos que essa conexão verdadeira, que consequentemente gera vendas, acontece através da adaptação cultural da comunicação que funciona como um fator decisivo para  sucesso da internacionalização das empresas. Afinal, é como diz Ana Andjelic:


“A afinidade com a marca não é criada economicamente, mas sim socialmente”


Qualquer marca, incluindo a sua, pode mudar as regras, se adaptar e ter sucesso sem fórmulas prontas ou conteúdo enlatado.


Vamos cruzar essa ponte juntos? Entre em contato com a gente!

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